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BACKSTAGE 2.0
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🎙️Entrevista - NEKROMATICS
🖋️ REVIEW - "Mudsign" - Ionized
Três anos depois de “Denary Breath”, os Ionized surgiram, em dezembro de 2024, com “Mudsign”, o seu segundo LP onde sentimentos como a perda, a desilusão, a incerteza e a raiva ganham vida e transformam-se nas oito canções que o compõem.
“So_Row”, “So_Low” e “So_Long”, são os três primeiros temas de “Mudsign” que ao longo de 25 minutos (todo o lado A do vinil) ultrapassam a experiência de ouvir música, proporcionando ao ouvinte um intenso momento de catarse emocional, onde guitarras desafiantes, bateria contundente, baixo intenso e teclados melódicos acompanham e são acompanhados por uma voz “suja” e rouca, mas ao mesmo tempo cativante e sedutora, que não nos mima com doçuras mas nos embala com a dura realidade das vivências humanas.
“Mudsign” é para ouvir sem expectativas, sem pré-conceitos. É para ouvir deixando-se guiar pelas emoções que vão surgindo, provocadas pela intensidade musical que nos absorve e leva ao limite de nós próprios, deixando-nos a flutuar entre o abismo para onde nos atrai e o espaço etéreo que nos faz sentir... “Mudsign” está algures entre a queda e o emergir, entre a dor e a superação.
BACKSTAGE 2.0
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[Español]
Blog de entrevistas y reseñas de bandas de rock y metal: todas las reseñas y entrevistas se publicarán en portugués y en el idioma de expresión de la banda (español o inglés).
🖋️ REVIEW - "Tales From The Burnt House" - Mano di Piedra
O álbum começa com "At The End Of The Hole" , tema brilhante que agarra o ouvinte de imediato e nos deixa a cantar o refrão até ao início do tema seguinte, "Young Prometheus", revelando desde logo que estamos perante um trabalho diversificado, onde tema a tema seremos surpreendidos. E é o que acontece com "The Beast Inside a Man", e "The Burnt House" temas onde a dualidade do ser humano e dos seus demónios estão bem presente nas diferentes partes que compõem o tema, ora mais calmos e apaziguantes, ora mais agressivos e desconcertantes.
"Tales From The Burnt House" é como um livro de contos, onde as histórias contadas não são de uma casa ardida mas sim de uma alma em luta com as perdas, com a escuridão, com os medos e o isolamento emocional. É a historia de uma alma profunda que nos toca no mais profundo, ora de forma calma e quase doce, ora de forma gritante e dorida, como se nos rasgasse o peito com a sua dor.
Guitarras, baixo e bateria envolvem-se numa "Soul Dancing", dialogam ao longo de todo o álbum de uma forma extremamente cativante e sem que cada instrumento se sobreponha aos restantes, acompanhados da voz de David que assume tantas personalidades quantos os demónios que vivem na loucura do ser humano.
"Against The Ruins", com o seu ritmo alucinante leva-nos a um quase transe tribal e "Blue Demon", fecha o álbum de forma magistral, onde em vez de encontrar respostas, o teu espírito fica ainda mais inquieto e turbulento.
"Tales From The Burnt House" não é um álbum para ouvir em viagem ou em família. É um álbum para ouvir de luzes apagadas onde fantasmas e sombras se misturam com o som de Mano de Piedra e criam a atmosfera perfeita para te deixar sem respirar durante os sete profundos temas que compõem aquele que será, sem dúvidas, um dos discos de 2025.
👇[Español]
Conozco a Mano di Piedra desde su EP homónimo, lanzado en 2017. En 2019
lanzaron "Today's Ashes" y es con este primer LP que la banda da el primer salto evolutivo, con canciones fuertes e impactantes como "Ancient Gods". Y digo primer salto porque el 25 de abril todo el mundo podrá escuchar “Tales From The Burnt House”, el segundo LP de Mano di Piedra y la prueba de que lo que ya era bueno aún puede mejorar.
El álbum comienza con “At The End Of The Hole”, un tema brillante que atrapa inmediatamente al oyente y nos deja cantando el estribillo hasta el comienzo del siguiente tema, “Young Prometheus”, revelando enseguida que estamos ante un trabajo diverso, donde tema a tema nos sorprenderemos. Y eso es lo que ocurre con “The Beast Inside a Man” y “The Burnt House”, temas donde la dualidad del ser humano y sus demonios están muy presentes en las distintas partes que componen el tema, a veces más tranquilas y tranquilizadoras, a veces más agresivas y desconcertantes.
"Tales From The Burnt House" es como un libro de cuentos, donde las historias contadas no hablan de una casa quemada, sino de un alma que lucha con la pérdida, la oscuridad, el miedo y el aislamiento emocional. Es la historia de un alma profunda que nos toca en lo más profundo, a veces de forma tranquila y casi dulce, a veces de forma gritando y dolorosa, como si nos desgarrara el pecho con su dolor.
Guitarras, bajo y batería se enfrascan en un “Soul Dancing”, dialogan a lo largo del disco de forma sumamente cautivadora y sin que cada instrumento apabulle a los demás, acompañados de la voz de David que asume tantas personalidades como demonios que habitan en la locura de los seres humanos.
“Against The Ruins”, con su ritmo frenético, nos lleva a un trance casi tribal y “Blue Demon”, cierra el disco de forma magistral, donde en lugar de encontrar respuestas, tu espíritu se vuelve aún más inquieto y turbulento.
"Tales From The Burnt House" no es un álbum para escuchar mientras viajas o con tu familia. Es un álbum para escuchar con las luces apagadas, donde fantasmas y sombras se mezclan con el sonido de Mano di Piedra y crean la atmósfera perfecta para dejarte sin aliento durante los siete profundos temas que componen el que sin duda será uno de los álbumes del 2025.
LIVING TALES - Play Session de apresentação do álbum "HADES"
Todos os acontecimentos têm um lado bom e um lado menos bom. E o que vos vou relatar aqui hoje teve o lado menos bom de ter terminado. No entanto, se pensar bem, acabar não é assim tão mau porque só podemos criar memórias (e neste caso memórias maravilhosas) de algo que já aconteceu. As memórias referem-se sempre ao passado. Por isso, o acontecimento de 12 de abril só tem lados bons.
E o que aconteceu dia 12 de abril de 2025? Os Living Tales apresentaram o seu novo e grandioso álbum “Hades” aos amigos e familiares, numa Play Session na sua sala de ensaios.
Após o agradável convívio entre os presentes, os Living Tales dão início à apresentação de “Hades” com Ana Isola a fazer as honras da casa, agradecendo a presença de todos e referindo que o álbum será tocado na íntegra e pela ordem das canções. E eis que a magia começa!
Com este álbum, os Living Tales provam que não são uma banda em busca de um lugar, mas que são uma banda com um lugar muito bem definido no metal nacional (e não só) e que esse lugar é no topo da pirâmide (ou do Olimpo).
“Hades” é mais do que um álbum de música, é uma viagem às transformações, às superações e à resiliência humanas, mas é também uma viagem ao mais obscuro da humanidade, à luta entre poderes de tantos Hades e de tantas Persephones, onde uns se julgam detentores dos outros. Conseguiremos reencontrar o caminho da luz e da evolução que se parece ter perdido algures numa pandemia? Conseguiremos superar todas a vozes interiores que nos assustam e demonizam? Conseguiremos ser livres? É para estas questões que nos conduz “Hades” uma entidade divina que se apodera da potentíssima voz de Ana para nos atingir com a sua força e insanidade e ao mesmo tempo nos envolver na sua doçura e feminilidade, tal como uma Amazonas que nos domina. Ana não se limita a interpretar os temas, vive-os a cada um como filhos do seu ventre e transporta todas as emoções nas suas expressões vocais, faciais e corporais. Mas enquanto entidade divina, “Hades” não se contenta em possuir a voz e apodera-se também da genialidade de Luís Oliveira que se ultrapassa a si mesmo nas composições, levando atrás de si a frenética e quase insana bateria de Ricardo Carvalho. De forma a provocar a dualidade “Hades” usa o baixo de João Carneiro de uma forma a que este quase contrarie a espiral de frenesim instrumental a que assistimos, criando um diálogo de cumplicidade única entre baixo e guitarra.
Durante aquela quase uma hora de música o tempo parou e o espaço tornou-se etéreo. As sensações provocadas pelos Living Tales sentiam-se na alma e na pele que se arrepiava constantemente. Um desses momentos é o diálogo entre Hades e Persephone, no tema que dá nome ao álbum e que é um dos meus momentos preferidos. Ao vivo, a voz de Hades surge gravada e, se para muitos puristas isto pode parecer quase sacrilégio, confesso que neste caso em concreto cria um ambiente obscuro e tenebroso, como uma voz que surge do além, cavernosa, dominadora e infernal, mas que não tem corpo nem forma. Adorei!
Destaco também o visual da banda, cuidado e com pormenores que funcionam como um todo. O apontamento de vermelho na indumentária de Luís Oliveira, que poderia parecer um ponto de distração em todo o negro dominante dos restantes elementos, funciona como um ponto de luz, sem criar dissonância.
“Hades”, numa noite de temperatura amena, conseguiu arrepiar os presentes num formato de “concerto privado” muito interessante e confortável, onde não nos perdemos no “ruído” que envolve todo um grande concerto e onde cada um de nós se pode focar no que realmente interessa e nos levou até ali: a música, a magia e a grandiosidade dos Living Tales.